Você já ouviu falar da oftalmopediatria?
Essa especialidade da oftalmologia foca nas crianças e nas doenças oculares específicas dessa faixa etária, oferecendo um tratamento mais completo e eficaz aos pequenos, desde problemas de refração a malformações congênitas. Para tirar todas as suas dúvidas, nós conversamos com a Oftalmopediatra Dra. Ana Regina.
“Os pais devem levar as crianças ao oftalmologista logo no início da vida pra fazer o teste do olhinho. Após esse primeiro contato com o oftalmologista pediátrico, se estiver tudo bem, só com 6 meses precisa retornar e continuando tudo bem, passamos às consultas anuais”, explica Ana.
Segundo a médica, o Teste do Olhinho é um teste do reflexo vermelho, exame simples e capaz de perceber muitas anormalidades. “Quando as crianças chegam a meu consultório pra fazer teste do olhinho eu acabo fazendo um exame mais completo do que só o teste do olhinho. Nesse primeiro momento temos uma noção de como está a visão, vejo o reflexo vermelho, avalio as vias lacrimais, vejo se tem desvios, faço um mapeamento de retina em busca de alguma anormalidade em retina ou nervo óptico, etc. Mas o que considero mais importante é destinar um tempo só para tirar as dúvidas dos pais e ensinar algumas coisas, como: fazer a estimulação visual dos bebês, explicar como é a visão deles é e como ela se desenvolve, o que é esperado pra cada idade, enfim. Deixar os pais mais tranquilos, pois esse momento é de muitas dúvidas”.
As doenças oculares em crianças costumam ser tratáveis quando identificadas cedo, mas se os pais demoram a perceber as alterações oculares e a levar a criança ao médico, o caso pode atrapalhar o rendimento escolar, prejudicar a vida social da criança e até evoluir para a cegueira.
“Um dos motivos de eu decidir fazer oftalmopediatria foi justamente porque em crianças a gente pode mudar o prognóstico visual. Quanto mais cedo uma anormalidade for diagnosticada e tratada, melhor será o prognóstico visual da criança. E você evitar que uma criança fique cega é um presente!”, afirma Ana Regina.
Ainda de acordo com a oftalmopediatra, se uma criança tiver um problema de estrabismo, ambliopia, anisometropia, catarata congênita e glaucoma congênito, se essas patologias forem diagnosticadas e tratadas precocemente, mudam a vida dessa criança. Até nos casos em que a criança perde a visão (por exemplo um retinoblastoma grave em que tem que tirar- enuclear- o olho da criança), ainda assim, você estará estimulando desde cedo a ela se desenvolver.
“Às vezes chegam alguns adultos no consultório perguntando se ainda podem enxergar de um olho que não enxerga desde a infância, e infelizmente, na fase adulta já não tem muito o que fazer com a ambliopia, por exemplo. Mas se tivesse tratado enquanto criança poderia enxergar pelos dois olhos”, explica a médica.
Sobre os exames em crianças, Ana explica que é totalmente diferente do exame dos adultos. Porém, não perdem em qualidade e exatidão. “O exame da criança é completamente diferente. Isso me encanta. É a magia de ter que conquistar todo paciente. Porque se a criança não confiar em você, ela não deixará você fazer nada! É necessário ter muita tranquilidade e paciência. Tem que saber a hora de parar e pedir para os pais voltarem outro dia, para a criança não traumatizar. E se ela [criança] por acaso ela fica com medo, será bem difícil conseguir examinar!!
Os aparelhos também são diferentes. Crianças até mais ou menos 3 anos ainda não sabem dizer as letrinhas ou as figurinhas, então existe uma tabela (chamada de cartão de acuidade de Teller) que serve para quantificar essa visão. A criança não colabora. Muitas vezes para ver o grau no autorrefrator, mas facilmente conseguimos fazer isso fazendo a retinoscopia. “Então existe métodos de fazer o exame em crianças muito pequenas que não colaborem com o uso dos aparelhos (igual aos adultos), e a medida que eles vão crescendo, vamos conseguindo fazer o exame igual ao dos adultos”, finaliza Dra. Ana Regina.
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