Boas intenções não bastam na comunicação
É interessante como as pessoas são. Dia desses, em roda de amigos, comentávamos sobre a expertise de cada profissão. Alguns advogados, administradores, professores falavam sobre tudo que os diferenciavam de todos os outros, enquanto que a única comunicadora da turma, jornalistas por formação, com especialização em Marketing e Jornalismo Político e atuando como redatora publicitária, EUZINHA, tinha a meu favor apenas os jargões próprios da profissão, já que os demais profissionais julgavam-se em condições de executar as tarefas voltadas para a comunicação com a mesma qualidade.
Sobre as perguntas que se seguiam, sempre uma resposta na ponta da língua: Redes Sociais?
R-Qualquer um atualiza o Facebook.
– Matéria? Qualquer sabe escrever um texto.
– Anúncio? Meu sobrinho sabe mexer muito bem no Corel Draw.
– Site? Tem um lugar na internet que você faz os sites em apenas alguns minutos e de graça!
E assim seguiam as “soluções” da comunicação em nossa conversa. Por algum motivo estranho, empresas gastam milhões em comunicação com profissionais cada vez mais segmentados. Por algum motivo as grandes empresas sabem das necessidades em se ter especialistas cuidando de sua imagem, porém, as pequenas empresas, não.
As mesmas pequenas empresas que se espelham e sonham um dia terem o tamanho das grandes, quando o assunto é comunicação… as prioridades somem. Você já pensou nisso?
Vamos a um exemplo simples:
Você tem um pequeno comércio e quer mudar a placa da fachada, afinal os negócios melhoraram e agora aquela velha placa já não te atende mais. Aí você tem duas alternativas:
1 – contratar uma empresa especializada em logo, marca, layout, onde os profissionais estudam as mais diversas aplicações da marca. Toda essa estrutura, claro, tem o seu preço. Para exemplificarmos aqui, trabalhemos com o preço hipotético de mil reais.
2 – tem aquele seu sobrinho gente boa que vive o dia inteiro no computador. Mexe no Corel que é uma beleza, vive fazendo o cartão de natal da família, ele no máximo vai te cobrar um ingresso para um show bacana, talvez nem isso.
Você pensa: – o quê? Mil Reais para uma fazer uns desenhos na placa? Nunca! Aí você chama o sobrinho.
O sobrinho, munido das melhores intenções do mundo faz uma arte para você, perde alguns minutos no Google em busca da imagem que você mais goste. Usa o CTRL F9 do Corel Draw para dar aquele efeito bacana nas letras. Em menos de duas horas a “arte” está pronta! E pensar que você iria ter que esperar ao menos uma semana para ter uma prévia da arte. Hunf!
Você serelepe manda imprimir, mas puxa vida, o seu sobrinho esqueceu que a marca, a imagem tinham que estar em alta, a impressão já não vai ficar legal. E putz, as cores também não combinaram, olhando de perto até são bonitas, mas de longe elas se perdem, se confundem. E não é que o danado esqueceu de colocar no que se trata o seu comércio!? Agora tarde demais, já foi para a impressão. Já instalaram e está lá.
O prejuízo não pode ser calculado, já que não podemos contar apenas com o preço da impressão da placa, mas também o número de clientes que passou pelo seu comércio, viu a placa, não entendeu do que se tratava e foi comprar ali naquele seu concorrente que tem uma placa que na sua opinião é bem “sem graça”.
Assim milhares de agências vivem o seu dia a dia, expedindo orçamentos, tendo que explicar para pessoas que muitos não entendem existir por que isso ou aquilo pode ou não ser feito.
Na biografia de Steve Jobs há uma passagem em que ele contrata um dos grandes designers americanos para fazer a marca de sua nova empresa, a Next. Jobs pergunta quando poderia ver a prova da marca, o designer responde que não iria mandar prova alguma. Continuou dizendo que assim como ele, o designer, não entendia “lhufas” de computadores, ele, o Jobs não entendia de publicidade tão pouco de desenvolvimento de marcas. Jobs iria receber o certo, se quisesse fazer o errado, que procurasse outra pessoa.
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