Saúde

Outubro Rosa: mulheres trans também precisam se prevenir contra o câncer de mama

Enquanto no mês de outubro as campanhas de combate ao câncer de mama se tornam unipresentes, o foco sempre é em mulheres cisgênero (que se identifica com o mesmo sexo o qual foi atribuído no nascimento). O risco para elas é, de fato, maior. Entretanto, a partir do momento em que mulheres trans (que teve o sexo masculino atribuído ao nascimento, mas tem a identidade de gênero feminina) são expostas a hormonioterapia, o risco vitalício de desenvolver câncer de mama é de 2% a 3%. é o que explica Isabela Minozzi Escudeiro, mastologista do Hospital 9 de Julho, de São Paulo. A dose e o tempo de exposição à terapia hormonal podem aumentar esse risco. E assim como em mulheres cis, é preciso olhar outros fatores, como antecedentes familiares de câncer de mama e o risco de mutação genética para individualizar o acompanhamento.

Um estudo publicado no The BMJ – uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina no mundo – verificou um risco aumentado de câncer de mama para a população trans feminina. Em mulheres transexuais que fizeram uso de tratamento hormonal (por, em média, 18 anos), o risco é 46 vezes maior do que em homens cisgênero, que tem menos de 1% de chances de serem acometidos pela doença.

O estudo mencionado foi realizado pela University Medical Centre de Amsterdã, na Holanda. Os pesquisadores afirmam que muitas mulheres trans iniciam o processo de hormonização por conta própria. Conseguir os medicamentos, que se assemelham a terapia de reposição hormonal usada em mulheres cisgênero na menopausa, não é tarefa difícil. Complicado mesmo é o acesso aos programas de tratamento e apoio a essa população, que enfrenta a burocracia dos ambulatórios especializados, ligados a universidades e ao Sistema Único de Saúde.

O exame de toque, basta?

No caso de mulheres trans, o autoexame não basta. Enquanto método de conhecer o próprio corpo e reconhecer sinais, é válido, mas não como uma medida médica. Não exclui uma avaliação especializada. Isso porque a terapia hormonal apresenta contraindicações, como doença cardiovascular isquêmica, câncer estrogênio-dependente, doença hepática grave, antecedente pessoal de trombose e hipersensibilidade aos componentes das formulações.

Sobre o Autor

Redação Rochany Rocha

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