Por que a Globo, principal rede de televisão do país, patrocinadora dos Jogos Olímpicos, praticamente não exibe competições em seu horário nobre, entre 18h30 e 22h? Esta questão está intrigando jornalistas estrangeiros, deslocados para o Rio, para a cobertura do evento.
Tenho ouvido esta pergunta com frequência aqui na Rio-2016. Nesta terça-feira (9), respondi sobre o assunto para Heather Hiscox, âncora do “CBC News Now”, programa matinal diário da rede CBC, do Canadá. Na verdade, foi uma questão retórica, pois ela já sabia a resposta. Por causa das novelas.
Assim como a rede americana NBC conseguiu junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) a mudança do horário das finais de natação para às 22h, a Globo também pleiteou a alteração de horários de partidas de voleibol, por exemplo, para exibi-las depois da novela das 21h.
Diretora de desenvolvimento artístico da Globo, Mônica Albuquerque foi questionada sobre o assunto pelo “New York Times”. Segundo ela, o Brasil “pararia” se a emissora suspendesse a exibição de novelas para mostrar competições esportivas. “É cultural. É parte da vida. Não consigo imaginar o Brasil sem novelas”.
Ao final da partida da seleção feminina de vôlei contra a Argentina, encerrada na madrugada desta terça-feira (9), a bicampeã olímpica Thaisa reclamou. “É um horário ingrato com atleta. Agora, vai chegar que horas? Jantar, tomar banho até poder relaxar, adrenalina baixar e dormir, vai ser lá para madrugada. É complicado, horrível, para atleta é péssimo, mas as pessoas precisam pensar no lado do atleta, não só da mídia”.
*Maurício Stycer-Uol
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