O isolamento social, em alta nos primeiros meses da pandemia, levou muitas pessoas a repensarem os espaços que viviam até então. Para além do desejo de uma sacada ou um espaço para ter a própria horta, tornar a casa um verdadeiro lar, aconchegante e confortável, tem levado a busca por repensar a organização de todo espaço. Na plataforma de inspiração Pinterest, as pesquisas por “área de estar no quintal” aumentaram 34 vezes em comparação ao mesmo período do ano passado.
E tem profissional da área aproveitando o embalo para empreender. O arquiteto Cezar Augusto Silvino Figueredo da dicas das tendências em arquitetura e design de interiores que estão em alta nesse período, diante do que observa no comportamento do público – que agora, chega até ele com pedidos de pequenos projetos.
“Durante a pandemia, criei um serviço de projetos online, o Desembola, especificamente para atender as demandas de adaptação dos espaços, que não pediam por reforma ou quebra quebra de pardes. Tudo é desenvolvido online: funciona assim: eu envio um formulário em que ela vai enviar fotos das referências visuais que tem, cores que mais gosta e as que não gosta, e dizer detalhes específicos da sua demanda”, explica o arquiteto mineiro, que acaba de vir para São Paulo. “Pode ser desde uma ajuda específica para um espaço determinado ou quem quer ter um móvel sob medida ou quem não tem nada e vai começar o ambiente do zero.”
A consultoria é pontual. “Mostro referências de estilos mais conhecidos como minimalista, boho, natural, urbano, neutro, industrial, pensando em quem não sabe bem do que gosta. E criei também um pacote específico para paisagismo interno, pra quem tá afim de montar uma selvinha em casa e não sabe escolher plantas ou como cuidar.”
São dois pacotes: o “Perdidaço” e “Desembola”, que são consultorias mais completas, envolvem chamadas de vídeo, imagens 3D da proposta de decoração. “São pra quem realmente quer fazer transformações maiores no ambiente, adquirir mais mobiliário, trocar cores, papel de parede e até mesmo um móvel sob medida”, explica Cezar.
Confira outras dicas do arquiteto para realizar pequenas mudanças em casa.
Novos espaços de entrada
As entradas passaram a ser adaptadas para o ritual de descontaminação que passou a acontecer ao se entrar em casa. Cabideiros, bancos de apoio, prateleiras passaram a ser itens dispostos próximos a porta de entrada para servir de apoio para álcool em gel, máscaras, bolsas, trocas de calçado e limpeza de produtos e embalagens. Muita gente criou um verdadeiro hall de descontaminação, com tapetes sanitizantes, sapateiras e sprays desinfetantes. Tenha um cabideiro e um banco para te ajudar a apoiar e uma mesinha com álcool em gel, desinfetante, saco plástico para colocar esses acessórios e roupas que precisam ser higienizados dentro, para levar para a área de serviço. Um local para chegar e desinfectar e reduzir a chance de levar o vírus para dentro de casa.
◾ Um banquinho ajuda para colocar e retirar calçados com conforto.
◾ Penduradores ajudam para limpeza e apoio de bolsas, sacolas, casacos, guarda-chuva…
◾ Uma plantinha cria uma sensação de alívio e conforto em um espaço que vai estar associado a risco e doença.
Home Office
Uma parte significativa das pessoas passou a trabalhar de casa e tiveram que criar o home office ou melhorar os espaços improvisados que tinham. Casais passaram a ter que dividir o espaço por mais horas e isso demandou mais área, mais conforto e espaço para organização.
Uma coisa curiosa foi que com as reuniões de Zoom e o interesse das pessoas em produzir conteúdos para redes sociais como vídeos, lives e tutoriais, houve uma demanda também para criar fundos mais atrativos e bem pensados para esses enquadramentos.
Espaços infanto-juvenis flexíveis e funcionais
O homeschooling forçado pela pandemia trouxe uma necessidade grande de espaços para estudos confortáveis para crianças e adolescentes. Esses espaços passaram a ter uso intenso e prolongado, demandando conforto e elementos que auxiliassem na concentração e desempenho dos estudantes. Mas a pandemia trouxe para dentro dos espaços das crianças e adolescentes outras demandas. Muitos faziam diversas atividades externas antes da pandemia, como cursos de idiomas, aulas de música, artes, robótica, atividades físicas, etc… E os espaços passaram a ter que ser flexíveis o suficiente para conseguir receber essas inúmeras atividades e se adaptar as demandas de brincadeiras e atividades de relaxamento tão necessárias durante o período.
A pandemia nos levou para a cozinha, não apenas para preparar refeições que antes fazíamos fora, mas também como uma atividade de relaxamento e descontração. A cozinha então virou o coração da casa, demandando mais funcionalidade e organização, além de comportar novos equipamentos que foram adquiridos para as aventuras culinárias no período. Gavetas de geladeira ajudam a criar mais espaços nas prateleiras que costumam ter pouca área ajudam a acomodar mais coisas e você ter um controle melhor do que está na geladeira. Cestos organizadores concentram produtos dentro das prateleiras dos armário e facilitam a retirada, mantendo tudo sempre organizado.
Valorização dos espaços de convívio
Com as atividades de lazer e relaxamento sendo levadas para dentro de casa e o convívio familiar tendo aumentado, as áreas de convívio da casa se tornaram fundamentais. As pessoas começaram a perceber melhor os espaços da casa e fazer uso mais intenso dos home theaters, das salas de tv, mesas de jantar, sofás… Isso também levou ao desejo de mudanças, buscar móveis mais confortáveis, acessórios que trouxessem conforto e funcionalidade para esses espaços e mais aconchego nesses momentos de intenso convívio.
Urban Jungles
Privados do acesso a parques e praças, muita gente optou por trazer o verde para dentro de casa. A busca por plantas adaptadas a espaços internos aumentou e o desejo por um paisagismo interno bem pensado e com plantas resistentes cresceu.
*GQ
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