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Produção, venda e negócios do café crescem em Pernambuco

Expresso ou coado, com leite ou canela, no início da manhã ou no fim da tarde, não importa como nem e quando, difícil é resistir a um bom cafezinho. A bebida – que cada vez mais atrai admiradores pelo aroma e sabor – tornou-se a matéria prima de um negócio que está conquistando os pernambucanos: as cafeterias. Em contínuo crescimento, esses empreendimentos inovam todos os dias e investem cada vez mais na diferenciação de seus produtos, com os cafés especiais, na produção e torrefação de insumos próprios e até no lançamento de pacotes de café com marca própria para venda.

Apaixonado pelo café, o dentista Bruno Alencar, conta que participa de um grupo de amigos degustadores de cafés especiais e torce pelo incentivo de ambientes próprios em Serra Talhada e Região. “Temos uma cultura nacional em tomar café, porém, aquele café coado, feito pela vovó. Nós que apreciamos cafés especiais, torcemos para que a região amplie o consumo e apresentassem todos os métodos e filtrados, e grãos selecionados. Temos público para isto, tanto para o consumo, quanto para a produção, aqui pertinho, em Triunfo temos um dos melhores sabores de cafés”, afirma Bruno.

Na Unidade do Sebrae no Sertão Central, Moxotó, Pajeú e Itaparica, o foco é agregar valor à produção do café. “A produção dos cafés especiais agrega valor ao produto por conta do manejo, totalmente artesanal, o que dá ainda mais qualidade ao sabor. Cerca de 98% dessa produção é oriunda da agricultura familiar, não é um produto de larga escala, por isso o Sebrae atua na viabilização e remuneração do agricultor de forma justa, e conseguimos alcançar até 150% de agregação no valor de venda da mercadoria, explica Raquel Silva.

“Um bom café não depende somente da qualidade do grão, mas também da maneira como a bebida é preparada e servida. Ambientes confortáveis, intimistas e elegantes têm sido a tônica das cafeterias em todo o mundo, bem como na cidade do Recife e no estado de Pernambuco”, afirma Valéria Rocha, analista do Sebrae/PE que atuou como gestora do projeto de alimentos e bebidas da instituição. Atualmente, o Sebrae conduz formações periódicas para 35 donos de cafeterias do estado, desenvolvendo suas gestões e aperfeiçoando seus produtos, garantindo que possam agradar cada vez mais seus clientes e produzir um ambiente empreendedor cada vez mais competitivo e produtivo.

Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais, o segmento do café representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida. Pernambuco é o segundo maior produtor de café do Nordeste, com cerca de 4,8 mil hectares cultivados, o que gera, anualmente, R$ 8,5 milhões em vendas. Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Jurema, Brejão, Saloá e Paranatama, concentram 80% da produção estadual.

É nesta região do Agreste pernambucano, mais precisamente no município de Taquaritinga do Norte, que vem um dos melhores cafés especiais do país. O café Yaguara é cultivado e produzido em uma área privilegiada pela geografia, que mesmo com períodos de estiagem consegue manter a alta qualidade do grão. De acordo com Tatiane Peebles, uma das proprietárias da fazenda, a qualidade do café Yaguara é fruto de um rigoroso processo que vai do cultivo até a xícara do consumidor final. “Para começar, não plantamos os pés de cafés enfileirados como no Sudeste. Aqui, elas são plantadas juntas de árvores frutíferas, cerca de 20 mil mudas por ano, que crescem à sombra e sem a ação de pesticidas”, afirma.

Além de abastecer as principais cafeterias e restaurantes de Pernambuco e outros estados brasileiros, a Yaguara também exporta para o Japão, já há 15 anos, e vende o café por meio de uma loja virtual no site www.yaguara.com.br. O café Yaguara é vendido em embalagens de 250g a 1Kg que variam de R$ 22 a R$ 88.  A empresa garante que a torra do café é feita somente quando recebem a encomenda. Com a torra mais fresca, os consumidores podem saborear o café nas suas duas primeiras semanas de vida, após esse período, o produto exposto ao ar tem o aroma e o sabor comprometidos.

Outro forte exemplo do desenvolvimento do setor em Pernambuco é o Kaffe Torrefação e Treinamento, uma das empresas de maior destaque do ramo no estado atualmente. A empresa abriu as portas no começo de 2017, mas hoje já oferece cursos de formação de baristas, além de torrar o café, vender o insumo pronto em embalagens próprias e comercializar a bebida em vários tipos e modelos em um ambiente intimista.

Atenta às oportunidades de negócio, Lidiane Santos, proprietária da Kaffe, já oferece mais um tipo de serviço no empreendimento, o de fornecer café especial para outras cafeterias, por encomendas específicas e com embalagens personalizadas de cada estabelecimento, para que possam usar e revender para o consumidor final também. “Participar do Programa de Desenvolvimento da Gestão do Sebrae foi fundamental para entendermos melhor o nosso negócio. A gente já sabia o que queríamos, mas quando vamos para a prática as coisas não são tão simples. Foi com esse programa que estruturamos nosso plano estratégico e que entendemos nossos pilares de atuação – que hoje são três”, afirma Lidiane Santos.

De acordo com o Sebrae/PE, a maior parte das marcas de cafés comercializadas em 2011 na Região Metropolitana do Recife (RMR) vinha da Região Sudeste, com destaque para os estados de São Paulo e Minas Gerais (55% e 25%, respectivamente, de representação). Em 2018, as empresas Pernambucanas juntas já tinham assumido a liderança do comércio do café no estado. As principais marcas são o Kaffe, a Café Brejo, Grão Chefe, Cordel Café e a Yaguara.

A marca de Gabriel Althoff, o Café do Brejo, que também está entre os destaques das cafeterias do estado, começou a investir em plantação própria em 2017. A primeira colheita deverá ser feita em 2020. Hoje a marca já atua também com torrefação e cursos profissionalizantes, mas decidiu investir no plantio próprio para poder vender também cafés especiais pernambucanos. Com um sítio de sete hectares em Triunfo, próximo ao ponto mais alto de Pernambuco, o empresário e produtor rural espera fazer 300 sacas de café especial por ano. “Estamos muito positivos com esse projeto que é bastante inovador. Todo o nosso processo de colheita será feito à mão, garantindo a qualidade do nosso produto desde o começo”, conta.

Com o café no gosto do paladar de todo pernambucano, o boom das cafeterias não seria diferente no Sertão. Em Petrolina, um dos principais destaques é o Café do Bule, que já se tornou parada obrigatória para quem aprecia um bom café. A cafeteria conta com boa comida, um ambiente acolhedor, e, claro, cafés especiais. Em 2019, pela primeira vez participará do Recife Coffee, sendo a primeira empresa da região a participar desse evento, que valoriza e incentiva o consumo do café.

Sobre o Café Especial

Para o café receber a certificação de “especial” e garantir ao consumidor a melhor experiência com a bebida, o produto precisa ser submetido à rigorosa avaliação da Associação Brasileira de Cafés Especiais. A entidade julga todo processo de produção, desde o cultivo, passando pela colheita e torra até chegar à xícara. As notas variam entre 60 e 100 pontos e, acima de 80, o café é classificado como especial. A pontuação determina a diferença entre os especiais e os considerados gourmet. Além do tipo do grão, a qualidade da água, a compactação do pó do café e o tempo de extração da bebida também ajudam a determinar se um café é especial ou não. Ao contrário do café gourmet que pode ser encontrado facilmente em supermercados, o especial está à venda em empórios e cafeterias. Embalagens de 250g custam de R$15 a R$40, e as de 1Kg podem chegar a R$250. Depois de aberto, o café especial deve ser consumido em até três semanas no máximo, depois disso ele pode oxidar.

Geografia das cafeterias

Em pesquisa recente, o Observatório Empresarial do Sebrae-PE realizou mapeou geograficamente as principais cafeterias do Recife. O motivo da pesquisa deve-se ao fato da grande quantidade de empresas desse segmento na capital pernambucana, além do consequente crescimento do consumo e da produção de café no estado, sobretudo nos últimos anos. Como resultado do mapeamento, chegou-se a um quantitativo de 109 cafeterias presentes na RMR. A maior concentração de cafeterias foi identificada nos bairros de Boa Viagem (31 empreendimentos), Santo Amaro (11 empreendimentos) e Recife Antigo (08 empreendimentos). Destaca-se a proximidade geográfica entre esses empreendimentos. É possível observar também o movimento de abertura de cafeterias nos bairros de menor renda, como Ipsep, Ibura e Imbiribeira, bem como nas cidades médias do interior do estado de Pernambuco. Estratégias de fidelização de clientes e diferenciais no atendimento e no ambiente destacam-se entre as cafeterias da cidade. Na periferia surgiram novas demandas, a exemplo daquela por mais conectividade nos estabelecimentos – já que o consumidor recifense, refletindo o quadro nacional, está cada vez mais bem informado, conectado às mídias e possui fortes características urbanas e metropolitanas. A pesquisa foi feita a partir da lista de telefones Listel (2018) e do Cadastro Sebrae de Empresas (2015).

*ASCOM

Sobre o Autor

Rochany Rocha

Oi! Sou Comunicadora Social, com habilitação em jornalismo, o que me deu oportunidades incríveis de dirigir uma grande rádio, além de trabalhar como assessora de imprensa de grandes instituições públicas e privadas. Como Docente, tive a oportunidade de compartilhar meus conhecimentos com mais de 2 mil alunos. Já a especialização em Marketing e Jornalismo político me deu a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e hoje, me realizo informando coisas boas para meus leitores.
Sou mãe de dois meninos lindos, que me dão motivação diária para fazer o que mais amo. Quer saber um pouco mais? Então manda um e-mail para blogrochanyrocha@gmai.com e terei o maior prazer em respondê-los. Beijos!!

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